ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA A PRÁTICA DAS OPERAÇÕES MATEMÁTICAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.



Eliane Maria Moreira Gonçalves.
Eliane.quim@hotmail.com

RESUMO

Há décadas, buscam-se métodos e técnicas adequadas à realidade cultural dos jovens e adultos. Essa pesquisa busca investigar as estratégias pedagógicas utilizadas no segundo segmento do ensino fundamental da E.E.E.F.M.DR. José Duarte Filho do Município de Uiraúna, a fim de verificar sua adequação ao contexto social dos jovens e adultos. A metodologia aplicada foi à coleta de dados, através de questionários, para detectar as dificuldades desses alunos nas operações matemáticas. A fundamentação dessa pesquisa baseia-se com PICONEZ (2002), FREIRE (1996), MOL (2000), artigos científicos de periódicos, entre outros,
que possibilitam um conhecimento teórico do ensino da matemática de jovens e adultos, entre outras. Com os resultados dessa pesquisa, chegaram-se algumas conclusões bastante significativas, como por exemplo, as dificuldades dos (as) alunos (as) nas operações matemáticas, a falta de conhecimento matemático. Portanto, essa pesquisa contribuirá para a implementação de inovações pedagógicas que favoreçam a aprendizagem significativa dos (as) alunos (as) da EJA.

PALAVRAS-CHAVE: Cognição matemática; situação-problema; e letramento matemático.

ABSTRACT

For decades, looking up methods and techniques appropriate to the cultural reality of young people and adults. This research seeks investigate the teaching strategies used in the second segment of the elementary school EEEFM Dr. Jose Duarte Filho of the city of Uiraúna to verify their suitability to the social context of young people and adults. The methodology was applied to collect data through questionnaires, to detect the difficulties these students in mathematical operations. The rationale of this research is based on C with Stela Piconez and Jaqueline mol, Freire in Pedagogy of Autonomy (1996), National Curricular Parameters such as scientific articles that enable an understanding of theoretical teaching of mathematics, young people and adults, among others. With the results of this search came up some conclusions quite significant, such as the difficulties of (the) students in mathematical operations, the lack of mathematical knowledge. Therefore, this research will contribute to the implementation of pedagogical innovations that promote the learning of significant students the EJA.

KEYWORDS: Cognition mathematics; state problem, and mathematical literacy.

1) INTRODUÇÃO

Os jovens e adultos começaram a entender que para ingressar no mercado de trabalho competitivo, exige a apropriação de conhecimentos e saberes relacionados com os avanços tecnológicos e científicos que podem permitir a inserção nesse mundo. Dessa forma, a escola poderá ser o ponto de partida para uma formação qualitativa para o ingresso nesse mercado.

Com essa perspectiva, o tema a ser pesquisado, ou seja, as estratégias pedagógicas para a prática das operações matemáticas na EJA, contribuirão para a melhoria e a qualidade do ensino de matemática, na EJA, como também, apontarão as dificuldades dos (as) alunos (as), nessa disciplina e mostrará outros métodos de ensino, para que, nessa especificidade de ensino os (as) alunos (as), possam construir e aprimorar-se dos conhecimentos matemáticos que serão ensinados.


(A base teórica perpassa os estudos de alguns referenciais descritos, como: às contribuições de FREIRE (1996); BRASIL (1998)); PICONEZ (2002), que descreve os desempenhos cognitivos diferenciados: relações entre conhecimentos prévios e conhecimentos escolares nas contribuições de alguns artigos científicos, que auxiliam para a formação e qualificação através de estratégias de ensino eficazes para o ensino de matemática.

Nesse tema, usam-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e a de campo.

Será feita uma investigação empírica, com o objetivo de fazer uma mediação entre a teoria e prática dos conhecimentos matemáticos.

Diante dessa temática, propõe-se o seguinte problema: quais são as estratégias didáticas utilizadas no ensino de matemática do segundo segmento do ensino fundamental Dr.José Duarte Filho da cidade de Uiraúna?

Segundo a problemática abordada busca-se elucidar os seguintes itens:

• Ministrar as operações matemáticas nas práticas sociais dos (as) alunos (as) da EJA.

• Conhecer as estratégias aplicadas para as operações matemáticas na EJA.

• Analisar o desempenho cognitivo matemático.


Essas são questões que norteiam, para a adequação das estratégias pedagógicas, que tem por finalidade contribuir para a melhoria da prática das operações, como também, a reflexão sobre a prática de ensino dos educadores de matemática na EJA.

2) FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A relevância dessa pesquisa se dá devido à reflexão sobre a aversão que os (as) alunos (as) da EJA apresentam com relação à matemática, devido ao medo e as dificuldades que têm em aprender os conceitos matemáticos.

Comumente observa-se que a pratica apresentada pelos professores, nas aulas de matemáticas, esta centrada na supervalorização do rigor, do exercício da autoridade do professor como detentor do saber, na relevância aos conteúdos veiculados nos livros didáticos, sem nenhuma discussão da sua importância para o desempenho social e pessoal dos (as) alunos (as).

Como conseqüências desse ensino encontram-se alunos desestimulados para aprender matemática, uma vez que as estratégias de ensino, não estimulam o aluno a pensar, a refletir, a analisar, a tirar suas conclusões.

Assim, com essa abordagem, opta-se por um referencial teórico que leva em consideração a forma de como o individuo aprende, uma vez que o conhecimento é fruto da interação social.

Apresentam-se alguns subsídios teóricos, para as contribuições significativas de alguns educadores e artigos sobre como estão sendo desenvolvidas as aulas de matemática na EJA.

Concorda-se com Freire (1996) quando se diz: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas se criar às possibilidades para a sua produção ou a sua construção”.

Essa frase de Paulo Freire (1996) envolve uma concepção de conhecimento como algo que não se encontra pronto e acabado e que também esta na busca por novo conhecimento.

Uma pratica pedagógica para a transmissão de conteúdos, memorização e regras prontas, dificulta o raciocínio do ser humano. É o caso, por exemplo, do que ocorre com o ensino de matemática na maioria das escolas, onde é usual a pratica de professores veicularem conhecimentos matemáticos como algo destituído de significados.

Encontra-se nos documentos oficiais (BRASIL, 1998; 2002b), a matemática para a solução de problemas e, em particular, na EJA, Fonseca (2002) afirma termos um sujeito que, no exercício da cidadania, soluciona problemas reais, urgentes e essenciais nas suas atividades profissionais ou em outras circunstancias. Brasil (2002 a, p. 74) assevera que:

É importante oferecer aos alunos da EJA oportunidades para interpretar problemas, compreender enunciados, utilizar informações dadas, estabelecer relações, interpretar resultados à luz do problema colocado e enfrentar, com isso situações novas e variadas.


O conhecimento é um sistema de conceitos e relações, ou seja, não se pode construir um conhecimento sem a formação dos conceitos envolvidos.

Nessa concepção, pode-se ressaltar a utilização dos conhecimentos prévios, que os (as) alunos (as) da EJA, trazem para a sala de aula, como também, relacioná-los com o cotidiano.

Para isso, é necessário considerar os envolvidos na relação dos conceitos: o aluno, o professor e o conhecimento matemático. Assim, pode-se estimular o aluno a pesquisar, para a interação dos conhecimentos adquiridos, com os saberes aprendidos na escola.

A proposta curricular para a EJA é indicada por BRASIL (2002 a, p.11), ao afirmar que:

Aprender matemática é um direito básico de todos e uma necessidade individual e social de homens e mulheres. Saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente, etc. são requisitos necessários para exercer a cidadania.


Nesse pressuposto, nos indica a busca de construção de estratégias pedagógicas, que contribuirá para a formação desses jovens e adultos como cidadãos conscientes e participativos na sociedade.

Já os parâmetros curriculares nacionais (1998, p.44) estabelecem sobre “as situações que podem ser entendidas como problemas”:

• São situações em que os alunos precisam desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-las;
• Só há problema se o aluno for levado a interpretar o resultado da questão que lhe é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada.

Nesse contexto, ressalta a importância de resolver problemas, através de uma situação gerada de problemas que exigem conceitos para sua resolução, o que quer dizer que o aluno construa. Nesse sentido é necessário traçar os caminhos a serem feitos, como definir as estratégias a serem realizadas.
Falando sobre o letramento matemático na EJA.
Nessa abordagem contempla a articulação dos conhecimentos de matemática e de língua portuguesa, o diálogo entre letramento escolar e letramento social, de forma a obter estratégias para melhor adequar as pessoas de pouca escolarização.

O letramento matemático encontra-se diante da necessidade de construir hipóteses a respeito da escrita matemática, por exemplo, muitos alunos da EJA possuem linguagem e cálculo mental, mas não sabe descrever, esse raciocínio lógico. Disso decorre da falta do letramento escolar por parte dos alunos e a capacidade de transferência dos saberes escolar.

Enfatizam-se nessa pesquisa as estratégias de ensino. Podem-se questionar quais são as mais eficazes? Cada estratégia pode ser a melhor para desenvolver determinado conteúdo e nem tão eficiente para outros, por isso, deve-se ter o conhecimento de varias estratégias de ensino para que possa ser selecionada aquela adequada ao desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula. Faz-se a seguir uma descrição de diversas estratégias de ensino, como forma de contribuir para responder as questões da pesquisa: que estratégia de ensino de matemática é utilizada pelos professores da EJA, para a prática das operações matemáticas?

A utilização da problematizaçao contribui com o aluno no desenvolvimento do seu processo metacognitivo.

Por meio da resolução de problemas, que o educador instiga aos alunos a pensar, a pesquisar, além de oportunizar a se expressar de forma variada na resolução de problemas como justificativa, do seu procedimento na resolução. Alem do que, o aluno pode escolher sua maneira própria de resolver os problemas, procurando a melhor estratégia e os conhecimentos necessários à resolução das situações propostas.

Outra estratégia, na qual os alunos desenvolvem atitudes, habilidades e conhecimentos, refere-se às atividades lúdicas, principalmente o jogo, como recurso didático, pois estimula a descoberta, reflexão e as ações realizadas, contribuindo para a socialização dos alunos.

A exposição oral, como estratégia de ensino, é a mais apropriada para explicar, narrar, os conteúdos em sala de aula.

Outro método de ensino, que pode desenvolver a pesquisa refere-se à proposta de trabalhos com projetos de ensino, os quais permitem a integração dos conteúdos matemáticos com outras áreas do conhecimento, como também a relação entre a teoria e a prática.

Quanto ao uso de trabalho em grupo como estratégia de ensino, esses possibilitam a troca de experiências e a interação entre os alunos.

A utilização das novas tecnologias da informação e de comunicação no processo de ensino/ aprendizagem, como: o DVD, a televisão, que permite a transmissão de programas educativos, filmes, etc.

Em relação ao computador sua utilização na escola possibilita a interação e a produção do conhecimento no espaço e no tempo (BRASIL 1998, p. 147). Esse recurso cria novas possibilidades de aprendizagem na escola, que surgem novas formas de pensar, aprender e adquirir novos conhecimentos, como também de desenvolver a criatividade e a capacidade de tomar decisões.

Assim sendo, com essa pesquisa, se constitui em um desafio para o ensino de matemática na EJA, como utilizar as estratégias adequadas para que os jovens e adultos tenham uma aprendizagem significativa.


3)METODOLOGIA


O estudo de campo foi realizado na E.E.E.F.M.DR. José Duarte Filho.

A pesquisa foi feita com alunos (as) da EJA do segundo seguimento da referida escola e tem como eixo, a aplicação de algumas estratégias pedagógicas das operações matemáticas.

A metodologia é direcionada para o ensino e a aprendizagem dos (as) alunos (as) da EJA, têm como aspecto central as condições para que a aprendizagem conceitual em matemática se torne mais acessível à compreensão dos alunos. Nesse sentido, compreende-se que não pode haver construção do conhecimento, sem o conhecimento prévio dos conceitos matemáticos. Dessa forma, os métodos e técnicas utilizadas na pesquisa foram relevantes para as práticas das operações matemáticas.

O desenvolvimento da pesquisa consiste no embasamento teórico de alguns autores que desenvolveram pesquisas que perpassam a temática em estudo.

Na pesquisa empírica foram aplicados questionários em sala de aula com os alunos sujeitos da pesquisa, sobre a forma de como são ensinados os conceitos matemáticos, e as estratégias utilizadas na aprendizagem das operações matemáticas.

O campo da pesquisa consistiu em uma escola estadual do segundo segmento do ensino fundamental da EJA, onde os sujeitos da pesquisa eram na maioria estudantes.


3.1) Coletas de dados


A pesquisa foi realizada em duas turmas distinta sendo uma do 6º/7º ano da EJA e a outra do 8º/ 9º da EJA. Com os educandos, sujeitos da pesquisa, foram aplicados um questionário de questões objetivas.

Uma turma de 6º/7º ano do segundo segmento, composta por 22 alunos (todos estavam presentes) em uma faixa etária entre 15 e 30 anos, cujas atividades profissionais são: estudante, moto taxista, musica, doméstica e do lar.

Uma turma de 8º/9º ano do segundo segmento, composta por 32 alunos (somente 22 presentes) em uma faixa etária entre 17 e 35 anos, cujas atividades profissionais são: estudante, faxineira, padeiro, músico, domestica e do lar.

4) RESULTADOS

4.1) Análise de dados

CAMPO I 6º/ 7º CAMPO II 8º/ 9º

Dos 44 alunos questionados, 6 alunos gostam de estudar e 38 não gostam de estudar matemática; 36 responderam que sentem dificuldades em dominar as operações matemáticas e 8 que não gostam; 37 responderam que os conteúdos ensinados em sala de aula não estão relacionados com o cotidiano e 7 responderam que sim; 10 responderam que as aulas de matemática são ministradas de acordo com a sua realidade e 34 responderam que não; sobre a metodologia das operações matemáticas vinculadas com a experiência da turma, 6 responderam que sim e 38 responderam que não; sobre as estratégias de ensino que seu professor utiliza são adequadas para uma boa aprendizagem, 12 responderam que sim e 32 responderam que não.

4.2) Interpretação de dados

Após fazer a análise e reflexão sobre os dados obtidos na pesquisa, pode-se concluir que as estratégias pedagógicas desenvolvidas na EJA, no ensino de matemática, não são adequadas para aprendizagem significativa.

Nessa análise, pôde-se constatar que a maioria dos entrevistados sente dificuldades em dominar as operações matemáticas, e que os conteúdos ensinados não estão de acordo com a realidade da turma.

Para atingir objetivos estabelecidos é preciso consideraras questões problematizadoras, no ensino de matemática na EJA.

Dessa forma, a aplicação de novas estratégias, como: a relação dos conhecimentos prévios, com suas praticas sociais; a interação com o meio social, a construção do conhecimento, a cognição matemática no cotidiano dos (as) alunos (as) da EJA poderá contribuir para um ensino de matemática de qualidade nessa modalidade. Para isso, o professor é de extrema importância na busca de uma educação de qualidade para os jovens e adultos como forma de inserção no mundo letrado.

5) CONSIDERAÇOES FINAIS
Buscando superar uma abordagem tradicional no ensino de matemática na EJA e considerando a aversão dos alunos pela matemática, pretende-se implementar novas metodologias nas praticas das operações matemáticas. Nesse sentido, podem ser adotadas estratégias diferentes das utilizadas, para atender as necessidades sócias e individuais dos alunos no processo de ensino e aprendizagem.

O problema analisado, por exemplo, os alunos demonstraram sentir dificuldades em dominara as operações matemáticas, alguns não gostam de estudar matemática.

Os conceitos matemáticos são veiculados com os livros didáticos, fora do contexto social dos jovens e adultos e não incorpora as experiências trazidas por esses alunos.

Pode-se ressaltar que o ensino de matemática na EJA necessita de mudanças, de forma que os profissionais atuantes possam refletir sobre sua prática e criar estratégias para modificar sua didática educativa.



6) REFERÊNCIAS


PICONEZ, Stela C. Bertholo. Educação Escolar de Jovens e Adultos. 4. ed. São Paulo: Papirus Editora.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998, 148p. (5ª a 8ª series).

MOLL, Jaqueline (Org.). Educação de jovens e adultos. Porto Alegre: Mediação, 2004.

MOLL, Jaqueline; GADOTTI, Moacir; FREIRE, Paulo. O que dá certo na escola para jovens e adultos. Nova Escola nº184, Agosto de 2005.

A didática da matemática na educação de pessoas jovens e adultas
Disponível em < www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/files/seminários/oral12.pdf>acesso em: 16 abr, 2008.

O conhecimento matemático na educação de jovens e adultos
Disponível em: < www.alb.com.br/anais16/sem15dpf/sm15ss13_04.pdf > acesso em: 16 abr, 2008.

ANEXOS


Questionário- Entrevista

Realizado junto com os(as) alunos(as) do segundo seguimento do EJA da E. E. E. F. M. Dr. José Duarte FilhO., Uiraúna Paraíba.

1) Qual a sua profissão?

2) Quantos anos você tem?

3) Marque com um X nas alternativas a seguir:

a) Você gosta de estudar matemática?
( ) sim ( ) não

b) Você sente dificuldades em dominar as operações matemáticas?
( ) sim ( ) não

c) Os conteúdos ensinados em sala de aula estão relacionados com o seu cotidiano?
( ) sim ( ) não

d) As aulas de matemática são ministradas de acordo com a sua realidade?
( ) sim ( ) não
e) A metodologia que seu professor utiliza para as operações matemáticas, são vinculadas com as experiências da turma?
( ) sim ( ) não

f) As operações matemáticas têm alguma utilidade em sua vida ?
( ) sim ( ) não

g) O que você aprende em sala de aula serve para a sua vida diária?
( ) sim ( ) não

h) As estratégias de ensino que seu professor utiliza são adequadas para uma boa aprendizagem?
( ) sim ( ) não


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